“Operação Vingança” – James Hawes (2025)

“Operação Vingança”, estreia nesta quinta-feira (10), um filme protagonizado por Rami Malek (‘Bohemian Rhapsody’, 2018), oferece ao público uma nova perspectiva do gênero do thriller de espionagem. Dessa vez, o foco sai do agente tradicional e recai sobre o grande nerd da tecnologia, um papel que, em muitas ocasiões, costuma ser secundário. Nessa produção, a questão da moralidade é colocada em jogo quando Charles Heller, criptógrafo da CIA, recebe a notícia do assassinato da sua esposa, Sarah (Rachel Brosnahan, ‘Maravilhosa Sra. Maisel’), e decide buscar vingança.

O longa dirigido por James Hawes  (‘Uma Vida – A História de Nicholas Winton’, 2023) tem uma abordagem mais introspectiva e melancólica do que se espera de produções com esse tema. As cenas de ação podem surpreender o espectador, por conta da inteligência do profissional da CIA, mas também podem ser consideradas mornas, já que o combate físico é praticamente nulo e dá lugar a estratégias mais intelectuais. Para chegar na grande operação, Heller pede ajuda dos seus superiores do trabalho e é impedido de prolongar a sua investigação por se aproximar do “buraco mais embaixo do caso”, pois a morte da sua companheira foi ocasionada por ataque um ataque terrorista em resposta a ameaças e esquemas secretos feitos por membros da CIA.

É interessante observar como o roteiro aposta na inteligência do criptógrafo. Acompanhamos o protagonista, colocando sua vida em risco ao insistir na ideia de fazer justiça com as próprias mãos, em que o profissional ameaça expor aos esquemas da “máfia” interna da CIA, para a Diretoria. Os agentes, Diretor Moore (Holt McCallany) e Caleb (Danny Sapani), se encontram sem escolha, optando por ceder as instruções e investimentos financeiros para Heller se preparar para a grande Operação Vingança. Ciente da sua opção, o especialista em criptografia da CIA prepara-se para qualquer tipo de sabotagem que possa sofrer durante seus treinos de defesa pessoal personalizada. Ele armazena o maior número de formações obtidas sobre o caso e grampeia a sua própria sala para acompanhar todas as investigações direcionadas a ele.

Durante seus treinos intensivos de preparação física e mental com o treinador Henderson (Laurence Fishburne), o protagonista é questionado sobre o que é certo e errado e também sobre até que ponto ele consegue encarar seus inimigos, já que para sobreviver e alcançar seus objetivos, precise utilizar uma arma e ultrapassar os próprios limites éticos. 

Heller tem um QI elevado, trabalha com tecnologia de criptografia, e é exatamente por meio disso que ele obrigatoriamente vai precisar sobressair todos os que estão no seu caminho, desde os terroristas que mataram a sua esposa até os membros da CIA que conspiram sobre suas ações. O combate é indireto, a tecnologia é a melhor amiga do analista e o seu parceiro no final da jornada o atinge na zona de vulnerabilidade. 

Mesmo com muitas situações contra o seu favor, a sua missão por vingança é cumprida, mas até que ponto é possível justificar a quebra das regras? Fica a reflexão para quem mergulha nessa experiência, bem desenvolvida tecnicamente, mas que peca em ações pouco envolventes. O fogo esperado acaba perdendo a força por falta de grandes atritos e “Operação Vingança” pode decepcionar quem busca cenas intensas e uma narrativa da jornada do herói contra o vilão, porém pode oferecer um retrato interessante sobre que nem sempre o “bem” vence e sim se adaptar à disputa de poder.

Nota: ✨✨✨

Por Rebeca Furtunato

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