“Anônimo 2” – Timo Tjahjanto (2025)

Poucos filmes de ação recentes conseguiram transformar um homem de meia-idade, cansado da rotina familiar, em um ícone improvável do gênero. Foi isso que o primeiro Anônimo fez com Bob Odenkirk (‘Better Call Saul’) — e é justamente essa imagem que sua continuação busca revisitar. Só que, desta vez, a proposta não é surpreender, e sim abraçar o exagero sem qualquer pudor.

Sob a direção de Timo Tjahjanto, o filme ganha um novo ritmo para a ação: menos contido, mais acelerado e muito mais espalhafatoso. As coreografias de luta são conduzidas com uma brutalidade estilizada que mistura pancadaria crua com momentos quase cartunescos. A câmera não se limita a registrar os golpes; ela mergulha na ação, tornando cada confronto um pequeno espetáculo visual.

Odenkirk continua sendo o grande trunfo. O personagem principal não é o herói perfeito, mas justamente por isso funciona tão bem. Ele sangra, tropeça, se machuca — e ainda assim insiste em levantar. Essa humanidade faz com que a ação, por mais absurda que pareça, nunca perca totalmente a verossimilhança.

Porém, existem filmes de ação que se tornam marcos do gênero, e existem aqueles que funcionam no momento, entregam boas cenas e depois se perdem na memória do público. A continuação do filme lançado em 2021 se encaixa com perfeição nesse segundo grupo. É um bom filme de ação, repleto de energia, humor e coreografias bem conduzidas, mas dificilmente será lembrado como algo além de um entretenimento passageiro.

O humor funciona bem e carrega, de certa forma, o andamento do longa. O filme brinca com o próprio exagero, e o nosso querido ator do saudoso Saul segura tudo com um carisma peculiar: Hutch continua sendo o sujeito comum que insiste em lutar contra inimigos desproporcionais, sempre misturando brutalidade com uma ponta de ironia. É impossível não rir de alguns momentos justamente por causa desse contraste.

Já o elenco de apoio reforça esse espírito divertido. Retornando para o segundo filme, Connie Nielsen (‘Gladiador 2’, 2024), que interpreta Becca, aparece e ganha mais espaço nesse capítulo, o que traz um frescor e um tom mais familiar até mesmo dentro da pancadaria. Sharon Stone surge em tom quase cartunesco como a vilã da vez, que poderia ser muito bem aproveitada, enquanto coadjuvantes como RZA e Christopher Lloyd acrescentam graça e leveza em participações pontuais. Tudo é conduzido para que o público se divirta, sem maiores pretensões.

“Anônimo 2” não pretende discutir dilemas morais nem reinventar o gênero — sua função é divertir, e nisso ele é eficiente.

A produção pode não ter a mesma surpresa do primeiro filme, mas compensa com ritmo mais solto e ação ainda mais insana. É cinema de ação assumidamente exagerado, perfeito para quem quer desligar o cérebro e aproveitar uma experiência leve, vibrante e sangrenta na medida certa.

Nota: ✨✨✨,5

Por Ester Graziele

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